quarta-feira, 29 de janeiro de 2014
Painel plastificado
Este painel é um simples pedaço de cartão, que foi plastificado e que dá para que a criança desenhe as vezes que quiser tendo apenas de passar com um pano para apagar o que desenhou anteriormente.
terça-feira, 28 de janeiro de 2014
- Veja lá nos seus assentos e diga-me com franqueza: Qual é a terra portuguesa que tem mais medicamentos?
- Qual é a terra portuguesa, onde se pode dormir. E que, apesar de parada, diz que está sempre a fugir?
- É cidade portuguesa, antiga e muito importante. Sem duas letras no meios é um animal rastejante.
- Botica
- Caminha
- Coimbra
- Qual é a coisa, qual é ela que faz andar o barco à vela?
- Que é que é que cai de pé e corre deitado?
- Como se chama o homem que ao recuar faz luar?
- Qual é a coisa que se cria sem comer?
- Que é, que é que cai abaixo da torre e não parte, e cai na água e desfaz-se?
- Quando é que a lua pesa mais?
- Que é que é que dá tudo o que tem e fica com tudo o que tem?
- Tive princípio mas não sei se terei fim, tudo crio e tudo abraço no meu seio. O que sou?
- Advinha uma adivinha, que não tem osso nem espinha, corre o mar e a marinha.
- Água sem do céu cair, nem da terra nascer e que se não pode beber.
- Alto como um pinheiro, redondo como um pandeiro.
- O vento;
- A chuva;
- Raul;
- A fome;
- O papel;
- A lua cheia;
- O livro;
- A terra;
- O vento;
- As lágrimas;
- O poço;
- O que é aquilo que quanto maior é menos pesa?
- Qual é a coisa qual é ela, que sobe e desce montanhas e está sempre no mesmo sitio?
- O que é aquilo que quanto mais roto está menos buracos tem?
- Por onde passa um elefante e não passa um mosquito?
- O que é que vai à mesa, parte, reparte-se e não se come?
- Qual é a coisa qual é ela que vai para o monte enrolada e vem do monte a enrolar?
- Um buraco;
- Uma estrada;
- A rede;
- Pela teia de uma aranha;
- O baralho de cartas;
- A corda.
- Eu trabalho noite e dia, se me deram de comer: nos dentes quero a água e na boca de comer.
- Fumo e ruído produz ao subir cortando a aragem; mas ainda faz mais barulho ao fim da sua viagem.
- Já nasço amortalhado e começo logo a morrer, sou prazer do viciado, minha sorte é sempre arder.
- Já que tens entendimento e és amigo de saber: uma pedra em cima da água, diz lá se pode ser.
- Minha casa não tem telha, quando entro vou de esguelha.
- Nascem os filhos primeiro que a mãe.
- Num pouco começo, embora completa, fico sempre em metade.
- O que é que, como o tempo, passou, está passando e nunca acabará de passar?
- O que é, o que é, uma caixinha de bem-querer, abre e fecha sem ranger?
- O que é que se deseja quando tarde, e se vê logo que vem?
- O moinho;
- O foguete;
- O cigarro;
- Pedra de gelo;
- O botão;
- Minutos e Horas;
- Meia;
- O rio;
- O olho;
- A chuva.
- Canto sem ser cantador, sei as horas não pelo norte, tenho uma coroa e não sou padre, canto matinas e não sacerdote.
- Capotes e mais capotes, são todos do mesmo pano; se to não disser agora, não adivinhas até ao ano.
- Diga, senhor secretário, que está na secretária: qual é o pássaro que voa e dá leite quando cria?
- Duas senhoras iguais, que não anda uma sem andar a outra.
- Embrulhada em cobertor ou frio esteja ou calor.
- Eu sou tão filho da mãe, que se a mãe se chega a mim, eu todo desfeito na mãe venho a ser a mãe por fim.
- O galo;
- A cebola;
- O morcego;
- As rodas;
- A ovelha;
- O sal;
- Qual é a coisa qual é ela, que tem pés e não caminha, dá de comer e não cozinha, assiste a jantares e não é convidada?
- Qual é a coisa, qual é ela, que é branca como o cristal e é alimento que nunca leva sal?
- Qual é a coisa, qual é ela, que anda dentro das botas e por fora dos sapatos?
- Sou um rio português, e bastante conhecido, juntando pelo de ovelha, fico fruto apetecido. Quem sou eu?
- Qual é a coisa que tem a barriga de vidro e as tripas de arame?
- Bota e meia em cada pé quantas botas são?
- A mesa;
- A água;
- Os tornozelos;
- A avelã;
- A lâmpada;
- Duas botas.
- Alto está, alto mora todos vêem e ninguém o adora?
- Que é, que é que antes de ser já o era?
- Qual é a coisa, qual é ela que quando entra em casa, se põe logo à janela?
- Branco é, a galinha o põe.
- Que é, que é uma capelinha branca sem porta nem tranca?
- O sino;
- A pescada;
- A mexeriqueira;
- O ovo;
- A escuridão;
- Vinte e quatro moleiros, dez carreteiros, duas vigas e uma velha a comer maquias! O que é?
- Tem asas e não voa, tem boca e não fala. O que é?
- Não tem pernas e anda, não tem boca e fala, o que é?
- Não é chapéu nem carapuça nem coisa de enfeitiçar, todos o põem na cabeça, por lá ser o seu lugar. o que é?
- A comida;
- O cesto;
- A carta;
- O dedal;
- Estou aqui no meu cantinho, onde todos me vêm ver. Mastigo e deito fora, engolir não pode ser.O que sou?
- O que é que dá voltas à casa toda e fica a um canto?
- O que fazem seis pardais num telhado?
- Tens-me na tua cozinha, sem mim não podes passar. Se me matas à facada também te faço chorar. O que sou?
- O que é que quanto mais quente mais fresco?
- O moinho;
- A vassoura;
- Meia dúzia;
- A cebola;
- Café e Pão.
- Uma capelinha vermelha sem porta nem telha?
- Tem dentes e não como tem barbas e não é home?
- Qual é a coisa que faz mais falta numa casa?
- De que lado é a asa da chavena?
- Uma coisa que tanto anda e nunca chega aonde quer.
- Que é que se põe em cima de tudo?
- Coração;
- Alho;
- Botão;
- Do lado de fora;
- Água corrente;
- Nome;
João e Maria
Às margens de uma extensa mata
existia, há muito tempo, uma cabana pobre, feita de troncos de árvore, na qual
morava um lenhador com sua segunda esposa e seus dois filhinhos, nascidos do
primeiro casamento. O garoto chamava-se João e a menina, Maria.
A vida sempre fora difícil na casa do lenhador, mas naquela época as coisas
haviam piorado ainda mais: não havia comida para todos.
— Minha mulher, o que será de nós? Acabaremos todos por morrer de necessidade.
E as crianças serão as primeiras…
— Há uma solução… — disse a madrasta, que era muito malvada. — Amanhã daremos a
João e Maria um pedaço de pão, depois os levaremos à mata e lá os
abandonaremos.
O lenhador não queria nem ouvir falar de um plano tão cruel, mas a mulher,
esperta e insistente, conseguiu convencê-lo.
No aposento ao lado, as duas crianças tinham escutado tudo, e Maria desatou a
chorar.
— Não chore — tranqüilizou-a o irmão — Tenho uma idéia.
Esperou que os pais estivessem dormindo, saiu da cabana, catou um punhado de
pedrinhas brancas que brilhavam ao clarão da lua e as escondeu no bolso. Depois
voltou para a cama.
No dia seguinte, ao amanhecer, a madrasta acordou as crianças.
As crianças foram com o pai e a madrasta cortar lenha na floresta e lá foram
abandonadas.
João havia marcado o caminho com as pedrinhas e, ao anoitecer, conseguiram
voltar para casa.
O pai ficou contente, mas a madrasta, não. Mandou-os dormir e trancou a porta
do quarto. Como era malvada, ela planejou levá-los ainda mais longe no dia
seguinte.
João ouviu a madrasta novamente convencendo o pai a abandoná-los, mas desta vez
não conseguiu sair do quarto para apanhar as pedrinhas, pois sua madrasta havia
trancado a porta. Maria desesperada só chorava. João pediu-lhe para ficar calma
e ter fé em Deus.
Ao caminhar para a floresta, João jogava as migalhas de pão no chão, para
marcar o caminho da volta.
Chegando a uma clareira, a madrasta ordenou que esperassem até que ela colhesse
algumas frutas, por ali. Mas eles esperaram em vão. Ela os tinha
abandonado mesmo!
- Não chore Maria, disse João. Agora, só temos é que seguir a trilha que eu fiz
até aqui, e ela está toda marcada com as migalhas do pão.
Só que os passarinhos tinham comido todas as migalhas de pão deixadas no
caminho.
As crianças andaram muito até que chegaram a uma casinha toda feita com
chocolate, biscoitos e doces. Famintos, correram e começaram a comer.
De repente, apareceu uma velhinha, dizendo: - Entrem, entrem, entrem, que lá
dentro tem muito mais para vocês.
Mas a velhinha era uma bruxa que os deixou comer bastante até cairem no sono e
confortáveis caminhas.
Quando as crianças acordaram, achavam que estavam no céu, parecia tudo
perfeito.
Porém a velhinha era uma bruxa malvada que e aprisionou João numa jaula para
que ele engordasse. Ela queria devorá-lo bem gordo. E fez da pobre e indefesa
Maria, sua escrava.
Todos os dias João tinha que mostrar o dedo para que ela sentisse se ele estava
engordando. O menino, muito esperto, percebendo que a bruxa enxergava pouco,
mostrava-lhe um ossinho de galinha. E ela ficava furiosa, reclamava com Maria:
- Esse menino, não há meio de engordar.
- Dê mais comida para ele!
Passaram-se alguns dias até que numa manhã assim que a bruxa acordou, cansada
de tanto esperar, foi logo gritando:
- Hoje eu vou fazer uma festança.
- Maria, ponha um caldeirão bem grande, com água até a boca para ferver.
- Dê bastante comida paro seu o irmão, pois é hoje que eu vou comê-lo ensopado.
Assustada, Maria começou a chorar.
— Acenderei o forno também, pois farei um pão para acompanhar o ensopado. Disse
a bruxa.
Ela empurrou Maria para perto do forno e disse:
_Entre e veja se o forno está bem quente para que eu possa colocar o pão.
A bruxa pretendia fechar o forno quando Maria estivesse lá dentro, para assá-la
e comê-la também. Mas Maria percebeu a intenção da bruxa e disse:
- Ih! Como posso entrar no forno, não sei como fazer?
- Menina boba! disse a bruxa. Há espaço suficiente, até eu poderia passar por
ela.
A bruxa se aproximou e colocou a cabeça dentro do forno. Maria, então, deu-lhe
um empurrão e ela caiu lá dentro . A menina, então, rapidamente trancou a porta
do forno deixando que a bruxa morresse queimada.
Mariazinha foi direto libertar seu irmão.
Estavam muito felizes e tiveram a idéia de pegarem o tesouro que a bruxa
guardava e ainda algumas guloseimas .
Encheram seus bolsos com tudo que conseguiram e partiram rumo a floresta.
Depois de muito andarem atravessaram um grande lago com a ajuda de um cisne.
Andaram mais um pouco e começaram a reconhecer o caminho. Viram de longe a
pequena cabana do pai.
Ao chegarem na cabana encontraram o pai triste e arrependido. A madrasta havia
morrido de fome e o pai estava desesperado com o que fez com os filhos.
Quando os viu, o pai ficou muito feliz e foi correndo abraça-los. Joãozinho e
Maria mostraram-lhe toda a fortuna que traziam nos seus bolsos, agora não
haveria mais preocupação com dinheiro e comida e assim foram felizes para
sempre.
A lebre e a tartaruga
Um dia uma tartaruga começou a contar vantagem dizendo que corria muito
depressa, que a lebre era muito mole, e enquanto falava, a tartaruga ria e ria
da lebre. Mas a lebre ficou mesmo impressionada foi quando a tartaruga resolveu
apostar uma corrida com ela.
"Deve
ser só de brincadeira!", pensou a lebre.
A raposa era
o juiz e recebia as apostas. A corrida começou, e na mesma hora, claro, a lebre
passou à frente da tartaruga. O dia estava quente, por isso lá pelo meio do
caminho a lebre teve a idéia de brincar um pouco. Depois de brincar, resolveu
tirar uma soneca à sombra fresquinha de uma árvore.
"Se por
acaso a tartaruga me passar, é só correr um pouco e fico na frente de
novo", pensou.
A lebre
achava que não ia perder aquela corrida de jeito nenhum. Enquanto isso, lá
vinha a tartaruga com seu jeitão, arrastando os pés, sempre na mesma
velocidade, sem descansar nem uma vez, só pensando na chegada. Ora, a lebre
dormiu tanto que esqueceu de prestar atenção na tartaruga. Quando ela acordou,
cadê a tartaruga? Bem que a lebre se levantou e saiu zunindo, mas nem
adiantava! De longe ela viu a tartaruga esperando por ela na linha de chegada.
A Galinha Ruiva
Um dia uma galinha ruiva encontrou um
grão de trigo.
- Quem me ajuda a plantar este trigo? - perguntou aos seus amigos.
- Eu não - disse o cão.
- Eu não - disse o gato.
- Eu não - disse o porquinho.
- Eu não - disse o peru.
- Então eu planto sozinha - disse a galinha. - Cocoricó!
E foi isso mesmo que ela fez. Logo o trigo começou a brotar e as folhinhas, bem
verdinhas, a despontar. O sol brilhou, a chuva caiu e o trigo cresceu e
cresceu, até ficar bem alto e maduro.
- Quem me ajuda a colher o trigo? -
perguntou a galinha aos seus amigos.
- Eu não - disse o cão.
- Eu não - disse o gato.
- Eu não - disse o porquinho.
- Eu não - disse o peru.
- Então eu colho sozinha - disse a galinha. - Cocoricó!
E foi isso mesmo que ela fez.
- Quem me ajuda a debulhar o trigo? -
perguntou a galinha aos seus amigos.
- Eu não - disse o cão.
- Eu não - disse o gato.
- Eu não - disse o porquinho.
- Eu não - disse o peru.
- Então eu debulho sozinha - disse a galinha. - Cocoricó!
E foi isso mesmo que ela fez.
- Quem me ajuda a levar o trigo ao
moinho? - perguntou a galinha aos seus amigos.
- Eu não - disse o cão.
- Eu não - disse o gato.
- Eu não - disse o porquinho.
- Eu não - disse o peru.
- Então eu levo sozinha - disse a galinha. - Cocoricó!
E foi isso mesmo que ela fez. Quando, mais tarde, voltou com a farinha,
perguntou:
- Quem me ajuda a assar essa farinha?
- Eu não - disse o cão.
- Eu não - disse o gato.
- Eu não - disse o porquinho.
- Eu não - disse o peru.
- Então eu asso sozinha - disse a galinha. - Cocoricó!
A galinha ruiva assou a farinha e com ela fez um lindo pão.
- Quem quer comer esse pão? - perguntou
a galinha.
- Eu quero - disse o cão.
- Eu quero - disse o gato.
- Eu quero - disse o porquinho.
- Eu quero - disse o peru.
- Isso é que não! Sou eu quem vai comer esse pão! - disse a galinha. -
Cocoricó.
E foi isso mesmo que ela fez.
Se queremos dividir a recompensa, devemos partilhar o trabalho.
segunda-feira, 27 de janeiro de 2014
Lenda das Amendoeiras em Flor - Algarve
Há muitos e muitos séculos, antes de Portugal existir e quando o Al-Gharb pertencia aos árabes, reinava em Chelb, a futura Silves, o famoso e jovem rei Ibn-Almundim que nunca tinha conhecido uma derrota. Um dia, entre os prisioneiros de uma batalha, viu a linda Gilda, uma princesa loira de olhos azuis e porte altivo. Impressionado, o rei mouro deu-lhe a liberdade, conquistou-lhe progressivamente a confiança e um dia confessou-lhe o seu amor e pediu-lhe para ser sua mulher. Foram felizes durante algum tempo, mas um dia a bela princesa do Norte caiu doente sem razão aparente. Um velho cativo das terras do Norte pediu para ser recebido pelo desesperado rei e revelou-lhe que a princesa sofria de nostalgia da neve do seu país distante. A solução estava ao alcance do rei mouro, pois bastaria mandar plantar por todo o seu reino muitas amendoeiras que quando florissem as suas brancas flores dariam à princesa a ilusão da neve e ela ficaria curada da sua saudade. Na Primavera seguinte, o rei levou Gilda à janela do terraço do castelo e a princesa sentiu que as suas forças regressavam ao ver aquela visão indiscritível das flores brancas que se estendiam sob o seu olhar. O rei mouro e a princesa viveram longos anos de um intenso amor esperando ansiosos, ano após ano, a Primavera que trazia o maravilhoso espectáculo das amendoeiras em flor.
Lenda do Milagre das Rosas
Chegara o mês de Janeiro. Em Coimbra, as casas das monjas de Santa Clara, quase destruídas pelas cheias do Mondego, reconstruíram-se rapidamente. Isso fora possível porque a rainha Dona Isabel velava por elas.
Quando algum desgraçado se via sem pão dentro dum lar minado pela doença, logo procurava a sua rainha. E se nem sempre regressava com saúde para o corpo, pelo menos trazia pão para a boca, e palavras tão lindas ressoando aos seus ouvidos, que por si só já constituíam consolação para o seu espírito.
De todos, essa esposa e filha de reis cuidava como se fossem pessoas suas. Levava o seu zelo ao ponto de ir ela própria vigiar os trabalhos em curso nas casas das monjas. E os operários, desvanecidos com a real presença, e ainda com os auxílios monetários que Dona Isabel trazia aos mais necessitados, trabalhavam com redobrado ardor.
Porém, como acontece neste mundo, a rainha não tinha somente amigos. E certa vez um despeitado da corte procurou azedar o ânimo de el-rei D. Dinis. Aproveitando um dos momentos em que estava a sós com o rei, encetou o diálogo que há muito andava bailando no seu cérebro:
— Perdoai-me, Senhor, se me atrevo a falar-vos num assunto que me traz preocupado.
O rei olhou-o com certa altivez.
— Deixai-vos de rodeios. Dizei o que pretendeis.
O cortesão mordeu os lábios e disse:
— Senhor meu Rei... A Rainha, vossa digna esposa, dispõe com bastante liberdade do vosso tesoiro.
D. Dinis franziu as sobrancelhas:
— Que dizeis? Explicai-vos e já!
O fidalgo tornou com humildade fingida:
— Meu Senhor, acreditai no que vos digo... A Rainha gasta de mais...
— Mas como sabeis isso?
— Oh? E fácil de saber, meu Senhor... Só os vossos bons olhos não querem ver a verdade. Se me permitis...
O rei encolerizou-se.
— Falai! Mas falai duma vez!
O fidalgo baixou a cabeça e declarou numa voz um tanto incerta:
— Oh, meu Rei e Senhor! Só vos quero ajudar… O dinheiro desaparece, esgota-se, some-se... São as esmolas, as obras das igrejas, os empréstimos, as dádivas, as doações a conventos… enfim... uma loucura, Senhor! É necessária a vossa intervenção...
Um grito do rei de Portugal cortou-lhe a frase:
— Basta! Eu sei bem o que hei-de fazer!
D. Dinis levantou-se, fazendo recuar o fidalgo. Em largas passadas pelo aposento, procurava acalmar a impetuosidade do seu temperamento belicoso. Seria verdade o que acabavam de dizer-lhe? Sim, devia ser verdade. A mentira representaria nesse momento um desmedido arrojo. E ao homem que ele tinha na sua frente sobrava-lhe em mesquinhez o que lhe faltava em audácia. E todavia… o vir à sua presença pôr em cheque a própria rainha não seria já um acto destemido?
O rei parou de andar dum extremo ao outro da saleta. Olhou fixamente o fidalgo, que baixou os olhos, e ordenou:
— Deixai-me só! Preciso de pensar no caso sem a sensação de estar a ser espiado.
Inclinando a cabeça, o fidalgo retirou-se em silêncio. Conhecia bem o rei e sabia de antemão que as suas declarações o tinham impressionado. Quanto ao monarca, logo que ficou longe das vistas do seu súbdito, deixou-se cair numa cadeira, murmurando consigo mesmo: «É isso! Tenho de pôr cobro de uma vez para sempre aos hábitos excessivamente misericordiosos da Rainha! E será o mais breve possível!»
Ora, se bem o pensou melhor o fez. Dias depois, quando Dona Isabel saía dos paços de Coimbra acompanhada pelas damas e pelos cavaleiros do seu séquito para se dirigir às obras de Santa Clara e espalhar as suas esmolas, surgiu-lhe de súbito, pela frente, a figura desempenada do rei. Ele cumprimentou-a, cortesmente:
— Bom dia, Senhora! Ia partir para uma caçada, mas lembrei-me de vos saudar.
— Agradeço-vos a boa ideia, Senhor.
A rainha disse estas palavras sorrindo, mas instintivamente recuou um pouco, como a disfarçar o que levava no regaço. Porém, esse gesto embora mal esboçado não escapou à perspicácia de D. Dinis. Tentando esconder a suspeita que o assaltara, ele perguntou de novo, com a cortesia própria dum rei:
— Podeis dizer-me, Senhora, onde ides tão cedo?
Dona Isabel empalideceu. O coração bateu-lhe mais apressado e, após certa hesitação, respondeu com voz branda:
— Vou... armar os altares do mosteiro de Santa Clara.
Então el-rei olhou-a de sobrecenho carregado. A sua voz tornou-se menos agradável. O sorriso cortês desapareceu-lhe dos lábios, enquanto perguntava:
— E que levais no vosso regaço, Senhora? À-la-fé que pareceis receosa. Nem quero acreditar que pretendeis ir distribuir novas esmolas pelos vossos protegidos... Isso seria contra todas as minhas ordens e contra todos os meus conselhos. Dizei-me, pois, o que levais no regaço.
A rainha tornou-se ainda mais pálida e por momentos permaneceu silenciosa. Elevava a Deus o pensamento, pedindo-Lhe aflitivamente o Seu divino auxílio. Alarmada, toda a comitiva olhava o rei, receosa da sua cólera. D. Dinis fixou de frente a rainha, que dava a ideia de estar presente apenas em corpo. Sentiu fugir-lhe toda a calma de que se tinha revestido e gritou-lhe:
— Então, Senhora, terei de dar ouvidos aos rumores que circulam à minha volta? Sempre é verdade que levais no vosso regaço dinheiro para oferecer aos maltrapilhos que protegeis?
Dona Isabel olhou o rei como quem torna dum sonho. O rubor voltava-lhe às faces, o sorriso brincava-lhe de novo nos lábios. E na sua voz melodiosa e pausada, respondeu:
— Enganai-vos, Real Senhor.. O que levo no meu regaço... são rosas para enfeitar os altares do mosteiro!
D. Dinis sorriu com ironia.
— Rosas? Como vos atreveis a mentir, Senhora? Rosas em Janeiro?... Pois ficai sabendo: se aqui estou neste momento… se aqui vim, é porque alguém me garantiu que leváveis dinheiro... Compreendeis agora?
O rosto da rainha não se contraiu sequer, humildemente. E, ante o pasmo e a aflição de quantos a rodeavam, insistiu com firmeza:
— Enganai-vos, Senhor! E enganou-se também quem vos informou. São rosas o que levo no regaço!
D. Dinis cerrou os dentes. Os seus olhos brilhavam de cólera e a sua voz tornou-se ainda mais dura:
— Insistis na vossa mentira, Senhora? Então... mostrai-me essas rosas!
Serenamente, ante o olhar atónito do rei e de todos os que ali se encontravam, a rainha Dona Isabel abriu o regaço e deixou ver um ramo de rosas maravilhosas, enquanto murmurava:
— Vede, Senhor.. Vede com os vossos olhos!
Houve um ligeiro murmúrio de pasmo entre a comitiva. El-rei D. Dinis, diante de tão grande prodígio, olhava atónito para as flores e para as mãos da rainha, sem conseguir pronunciar uma palavra. Estava certo de que acontecera algo de sobrenatural. Algo de estranho que o impressionava e confundia. E só momentos depois conseguiu sorrir e murmurar:
— Perdoai-me, Senhora, se vos ofendi... Mas nunca pensei ver rosas tão lindas neste tempo!
Ela sorriu-lhe meigamente. Havia felicidade no brilho dos seus olhos, na suave expressão do seu rosto, no bondoso sorriso dos seus lábios. Cumprimentando-a com galhardia, o rei afastou-se, deixando que a rainha seguisse o seu caminho.
Então, de novo, Dona Isabel elevou os olhos ao Céu. O seu ar harmonioso e a paz que resplandecia do seu rosto entraram na própria alma de quantos compunham a sua comitiva. Ninguém se atrevia a falar, a fazer um gesto sequer. Sentiam a solenidade do momento com uma alegria interior de difícil exteriorização.
Foi a própria rainha quem deu o sinal de continuar a marcha a caminho do mosteiro de Santa Clara. Lá a esperavam os desgraçados que viviam das esmolas da sua mão benfeitora, do seu olhar carinhoso, da sua palavra tão cheia de consolação. E lá estavam também os altares, esperando a sua graciosa ajuda.
Daí a pouco já toda a cidade de Coimbra se encontrava ao corrente do estranho prodígio que representava o pão e o dinheiro transformados em rosas. O povo, proclamava, de lágrimas nos olhos: «Foi um milagre! Foi um milagre! É santa a nossa rainha! Bendito seja Deus que a deu ao nosso reino!»
E o povo, gente grande com alma de menino, dentro das suas inesperadas reacções, é aquele cuja voz deve ecoar no Céu.
Assim, saltitando de boca em boca, o milagre das rosas chegou até nós e continuará para além dos séculos.
MARQUES, Gentil Lendas de Portugal Lisboa, Círculo de Leitores.
Quando algum desgraçado se via sem pão dentro dum lar minado pela doença, logo procurava a sua rainha. E se nem sempre regressava com saúde para o corpo, pelo menos trazia pão para a boca, e palavras tão lindas ressoando aos seus ouvidos, que por si só já constituíam consolação para o seu espírito.
De todos, essa esposa e filha de reis cuidava como se fossem pessoas suas. Levava o seu zelo ao ponto de ir ela própria vigiar os trabalhos em curso nas casas das monjas. E os operários, desvanecidos com a real presença, e ainda com os auxílios monetários que Dona Isabel trazia aos mais necessitados, trabalhavam com redobrado ardor.
Porém, como acontece neste mundo, a rainha não tinha somente amigos. E certa vez um despeitado da corte procurou azedar o ânimo de el-rei D. Dinis. Aproveitando um dos momentos em que estava a sós com o rei, encetou o diálogo que há muito andava bailando no seu cérebro:
— Perdoai-me, Senhor, se me atrevo a falar-vos num assunto que me traz preocupado.
O rei olhou-o com certa altivez.
— Deixai-vos de rodeios. Dizei o que pretendeis.
O cortesão mordeu os lábios e disse:
— Senhor meu Rei... A Rainha, vossa digna esposa, dispõe com bastante liberdade do vosso tesoiro.
D. Dinis franziu as sobrancelhas:
— Que dizeis? Explicai-vos e já!
O fidalgo tornou com humildade fingida:
— Meu Senhor, acreditai no que vos digo... A Rainha gasta de mais...
— Mas como sabeis isso?
— Oh? E fácil de saber, meu Senhor... Só os vossos bons olhos não querem ver a verdade. Se me permitis...
O rei encolerizou-se.
— Falai! Mas falai duma vez!
O fidalgo baixou a cabeça e declarou numa voz um tanto incerta:
— Oh, meu Rei e Senhor! Só vos quero ajudar… O dinheiro desaparece, esgota-se, some-se... São as esmolas, as obras das igrejas, os empréstimos, as dádivas, as doações a conventos… enfim... uma loucura, Senhor! É necessária a vossa intervenção...
Um grito do rei de Portugal cortou-lhe a frase:
— Basta! Eu sei bem o que hei-de fazer!
D. Dinis levantou-se, fazendo recuar o fidalgo. Em largas passadas pelo aposento, procurava acalmar a impetuosidade do seu temperamento belicoso. Seria verdade o que acabavam de dizer-lhe? Sim, devia ser verdade. A mentira representaria nesse momento um desmedido arrojo. E ao homem que ele tinha na sua frente sobrava-lhe em mesquinhez o que lhe faltava em audácia. E todavia… o vir à sua presença pôr em cheque a própria rainha não seria já um acto destemido?
O rei parou de andar dum extremo ao outro da saleta. Olhou fixamente o fidalgo, que baixou os olhos, e ordenou:
— Deixai-me só! Preciso de pensar no caso sem a sensação de estar a ser espiado.
Inclinando a cabeça, o fidalgo retirou-se em silêncio. Conhecia bem o rei e sabia de antemão que as suas declarações o tinham impressionado. Quanto ao monarca, logo que ficou longe das vistas do seu súbdito, deixou-se cair numa cadeira, murmurando consigo mesmo: «É isso! Tenho de pôr cobro de uma vez para sempre aos hábitos excessivamente misericordiosos da Rainha! E será o mais breve possível!»
Ora, se bem o pensou melhor o fez. Dias depois, quando Dona Isabel saía dos paços de Coimbra acompanhada pelas damas e pelos cavaleiros do seu séquito para se dirigir às obras de Santa Clara e espalhar as suas esmolas, surgiu-lhe de súbito, pela frente, a figura desempenada do rei. Ele cumprimentou-a, cortesmente:
— Bom dia, Senhora! Ia partir para uma caçada, mas lembrei-me de vos saudar.
— Agradeço-vos a boa ideia, Senhor.
A rainha disse estas palavras sorrindo, mas instintivamente recuou um pouco, como a disfarçar o que levava no regaço. Porém, esse gesto embora mal esboçado não escapou à perspicácia de D. Dinis. Tentando esconder a suspeita que o assaltara, ele perguntou de novo, com a cortesia própria dum rei:
— Podeis dizer-me, Senhora, onde ides tão cedo?
Dona Isabel empalideceu. O coração bateu-lhe mais apressado e, após certa hesitação, respondeu com voz branda:
— Vou... armar os altares do mosteiro de Santa Clara.
Então el-rei olhou-a de sobrecenho carregado. A sua voz tornou-se menos agradável. O sorriso cortês desapareceu-lhe dos lábios, enquanto perguntava:
— E que levais no vosso regaço, Senhora? À-la-fé que pareceis receosa. Nem quero acreditar que pretendeis ir distribuir novas esmolas pelos vossos protegidos... Isso seria contra todas as minhas ordens e contra todos os meus conselhos. Dizei-me, pois, o que levais no regaço.
A rainha tornou-se ainda mais pálida e por momentos permaneceu silenciosa. Elevava a Deus o pensamento, pedindo-Lhe aflitivamente o Seu divino auxílio. Alarmada, toda a comitiva olhava o rei, receosa da sua cólera. D. Dinis fixou de frente a rainha, que dava a ideia de estar presente apenas em corpo. Sentiu fugir-lhe toda a calma de que se tinha revestido e gritou-lhe:
— Então, Senhora, terei de dar ouvidos aos rumores que circulam à minha volta? Sempre é verdade que levais no vosso regaço dinheiro para oferecer aos maltrapilhos que protegeis?
Dona Isabel olhou o rei como quem torna dum sonho. O rubor voltava-lhe às faces, o sorriso brincava-lhe de novo nos lábios. E na sua voz melodiosa e pausada, respondeu:
— Enganai-vos, Real Senhor.. O que levo no meu regaço... são rosas para enfeitar os altares do mosteiro!
D. Dinis sorriu com ironia.
— Rosas? Como vos atreveis a mentir, Senhora? Rosas em Janeiro?... Pois ficai sabendo: se aqui estou neste momento… se aqui vim, é porque alguém me garantiu que leváveis dinheiro... Compreendeis agora?
O rosto da rainha não se contraiu sequer, humildemente. E, ante o pasmo e a aflição de quantos a rodeavam, insistiu com firmeza:
— Enganai-vos, Senhor! E enganou-se também quem vos informou. São rosas o que levo no regaço!
D. Dinis cerrou os dentes. Os seus olhos brilhavam de cólera e a sua voz tornou-se ainda mais dura:
— Insistis na vossa mentira, Senhora? Então... mostrai-me essas rosas!
Serenamente, ante o olhar atónito do rei e de todos os que ali se encontravam, a rainha Dona Isabel abriu o regaço e deixou ver um ramo de rosas maravilhosas, enquanto murmurava:
— Vede, Senhor.. Vede com os vossos olhos!
Houve um ligeiro murmúrio de pasmo entre a comitiva. El-rei D. Dinis, diante de tão grande prodígio, olhava atónito para as flores e para as mãos da rainha, sem conseguir pronunciar uma palavra. Estava certo de que acontecera algo de sobrenatural. Algo de estranho que o impressionava e confundia. E só momentos depois conseguiu sorrir e murmurar:
— Perdoai-me, Senhora, se vos ofendi... Mas nunca pensei ver rosas tão lindas neste tempo!
Ela sorriu-lhe meigamente. Havia felicidade no brilho dos seus olhos, na suave expressão do seu rosto, no bondoso sorriso dos seus lábios. Cumprimentando-a com galhardia, o rei afastou-se, deixando que a rainha seguisse o seu caminho.
Então, de novo, Dona Isabel elevou os olhos ao Céu. O seu ar harmonioso e a paz que resplandecia do seu rosto entraram na própria alma de quantos compunham a sua comitiva. Ninguém se atrevia a falar, a fazer um gesto sequer. Sentiam a solenidade do momento com uma alegria interior de difícil exteriorização.
Foi a própria rainha quem deu o sinal de continuar a marcha a caminho do mosteiro de Santa Clara. Lá a esperavam os desgraçados que viviam das esmolas da sua mão benfeitora, do seu olhar carinhoso, da sua palavra tão cheia de consolação. E lá estavam também os altares, esperando a sua graciosa ajuda.
Daí a pouco já toda a cidade de Coimbra se encontrava ao corrente do estranho prodígio que representava o pão e o dinheiro transformados em rosas. O povo, proclamava, de lágrimas nos olhos: «Foi um milagre! Foi um milagre! É santa a nossa rainha! Bendito seja Deus que a deu ao nosso reino!»
E o povo, gente grande com alma de menino, dentro das suas inesperadas reacções, é aquele cuja voz deve ecoar no Céu.
Assim, saltitando de boca em boca, o milagre das rosas chegou até nós e continuará para além dos séculos.
MARQUES, Gentil Lendas de Portugal Lisboa, Círculo de Leitores.
Lenda de S.Martinho
Diz a lenda que Martinho, nascido na Hungria em 316, era um soldado. Era filho de um soldado romano. O seu nome foi-lhe dado em homenagem a Marte, o Deus da Guerra e protector dos soldados. Aos 15 anos vai para Pavia (Itália). Em França abraçou a vida sacerdotal, sendo famoso como pregador. Foi bispo de Tous.
Certo dia de Novembro, muito frio e chuvoso, estando em França ao serviço do Imperador, ia Martinho no seu cavalo a caminho da cidade de Amiens quando, de repente, começou uma terrível tempestade. A certa altura surgiu à beira da estrada um pobre homem a pedir esmola.
Como nada tivesse, Martinho, sem hesitar, pegou na espada e cortou a sua capa de soldado ao meio, dando uma das metades ao pobre para que este se protegesse do frio. Nessa altura a chuva parou e o Sol começou a brilhar, ficando, inexplicavelmente, um tempo quase de Verão.
Daí que esperemos, todos os anos, o Verão de S. Martinho. E a verdade é que S. Martinho raramente nos decepciona. Em sua homenagem, comemoramos o dia 11 Novembro com as primeiras castanhas do ano, acompanhadas de vinho novo. É o Magusto, que faz parte das tradições do nosso país.
Mais tarde terá tido uma visão de Jesus e decidiu dedicar-se à religião cristã. Faleceu a 8 de Novembro de 397 em Tours.
Video da lenda em desenhos animados - http://www.youtube.com/watch?v=3zc-5TL9s-k
Certo dia de Novembro, muito frio e chuvoso, estando em França ao serviço do Imperador, ia Martinho no seu cavalo a caminho da cidade de Amiens quando, de repente, começou uma terrível tempestade. A certa altura surgiu à beira da estrada um pobre homem a pedir esmola.
Como nada tivesse, Martinho, sem hesitar, pegou na espada e cortou a sua capa de soldado ao meio, dando uma das metades ao pobre para que este se protegesse do frio. Nessa altura a chuva parou e o Sol começou a brilhar, ficando, inexplicavelmente, um tempo quase de Verão.
Daí que esperemos, todos os anos, o Verão de S. Martinho. E a verdade é que S. Martinho raramente nos decepciona. Em sua homenagem, comemoramos o dia 11 Novembro com as primeiras castanhas do ano, acompanhadas de vinho novo. É o Magusto, que faz parte das tradições do nosso país.
Mais tarde terá tido uma visão de Jesus e decidiu dedicar-se à religião cristã. Faleceu a 8 de Novembro de 397 em Tours.
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